*Reinaldo
Dias
No
Brasil a relação universidade-empresa nem sempre caminhou a bom termo. Permeada
de desconfianças de ambos os lados, todos perderam com a falta de entrosamento e
principalmente o país. No caso das pequenas empresas o caso é mais grave ainda,
pois estas nem sempre possuem o capital necessário para a contratação de
consultorias para aperfeiçoarem seus processos de gestão ou implantarem novos
sistemas que as tornariam mais competitivas.
Embora
nos últimos anos tenha havido melhoras, essa é uma parceria que está longe de
atender às reais necessidades do país em termos de geração e disseminação de
inovações. Sem essa parceria o que prevalece é o atraso, empresas pouco
competitivas e com baixa produtividade e que não atendem às reais necessidades
da demanda. O resultado é a quebra generalizada de pequenas empresas por falta
de pesquisa e inovação.
A
partir deste ano, as pequenas empresas terão que enfrentar uma nova realidade,
ainda mais dura para aquelas que estiverem despreparadas e que já estão
integradas em cadeias de valor de grandes corporações, pois estas terão um prazo
para se adequarem às novas normas de gestão da qualidade (ISO9001: 2015) e a de
gestão ambiental (ISO14001:2015).
Essas
duas normas colocam novas questões em pauta, em particular nos processos de
terceirização que envolvem toda a cadeia de valor. Isso aumenta a
responsabilidade das pequenas empresas que terão de se adaptar às novas
exigências, visando contemplar sua parceria estratégica com as de grande porte,
que de modo geral se adaptam rapidamente, devido a necessidade da certificação
para permanecerem competitivas no mercado internacional.
A
norma ISO14001, por exemplo, dá uma nova dimensão à parceria estratégica das
pequenas com as grandes empresas. Estas tenderão a valorizar em manter na sua
cadeia produtiva, fornecedores que se adaptem à nova realidade e que atinjam
padrões elevados em termos de sustentabilidade. Assim, num futuro próximo, as
pequenas empresas que não se adaptarem deverão encontrar dificuldades na
renovação de seus contratos. Adequação às normas ambientais e manter uma imagem
de empresa sustentável não é mais uma opção, é uma condição para se manter
competitiva.
Neste
contexto, as universidades podem contribuir enormemente fornecendo talentos que
poderão se integrar aos quadros da empresa e trabalhar na adequação permanente
às novas exigências ambientais, que virão de todos os lados: comunidade,
governos e grandes empresas.
Os
talentos que as empresas buscam na universidade podem ser encontrados naqueles
jovens que fazem a iniciação científica. São alunos diferenciados, que aprendem
o método científico como um instrumento fundamental para a resolução de
problemas. Esses estudantes constituem a elite das universidades, grupo
diferenciado que deve ser recrutados pelas empresas que necessitam de pessoas
com capacidade criativa para enfrentar crises e se adaptar às novas
exigências.
Muitos
empresários – principalmente entre os pequenos – confundem as coisas e julgam
que a prática científica não se ajusta com a realidade do mercado. Puro engano.
Principalmente nos cursos de administração, a prática científica tem desafiado
estudantes a repensarem as práticas organizacionais adotadas no Brasil pelas
pequenas empresas e a apresentarem propostas alternativas e de baixo custo para
a melhoria dos sistemas de gestão. Ocorre que as portas das empresas às vezes
não se abrem para esses jovens, e estes necessitando trabalhar abrem seus
próprios negócios alimentando o processo de inovação no mercado, através dessa
ação empreendedora.
O
empreendedorismo está se disseminando no Brasil, tardiamente é verdade, mas está
avançando. As pequenas empresas devem adotar cada vez mais o empreendedorismo
corporativo, incorporando esses jovens universitários talentosos que
contribuirão para a inovação dos processos internos, mantendo a organização
competitiva.
*Reinaldo
Dias
é professor da Universidade Presbiteriana Campinas. Doutor em Ciências Sociais,
mestre em Ciência Política pela Unicamp e especialista em Ciências
Ambientais.
Sobre
o Mackenzie
A
Universidade Presbiteriana Mackenzie está entre as 100 melhores instituições de
ensino da América Latina, segunda a pesquisa QS Quacquarelli Symonds University
Rankings, uma organização internacional de pesquisa educacional, que avalia o
desempenho de instituições de ensino médio, superior e
pós-graduação.
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