Um estudo
publicado hoje na CELL - http://www.cell.com/cell/pdf/S0092-8674(15)00896-X.pdf - explica
como a infecção crônica por Plamodium falciparum (um parasita que é a principal
causa de malária), gera uma série de instabilidades genômicas que favorecem a
formação de linfomas. O artigo, com co-autoria do bioinformata do A.C.Camargo
Cancer Center, Israel Tojal da Silva, reúne autores da Rockefeller University, do National
Cancer Institute (NCI), nos Estados
Unidos e do Imperial College
London, no Reino
Unido.
Israel Tojal foi responsável pelas análises de
Bioinformática que permitiram detectar e quantificar as translocações, bem como
análises subsequentes a partir dos dados de sequenciamento de DNA. Dentre os resultados, foi observado que
as translocações ocorrem em todos os cromossomos, preferencialmente em regiões
gênicas e, em genes altamente expressos.
Concluiu-se que a infecção do parasita induz a uma
instabilidade genômica generalizada, predispondo as células B a adquirirem
translocações em genes chaves, incluindo o c-myc, o que reflete as
características moleculares e fenotípicas do linfoma
de Burkitt.
Seguem abaixo mais informações,
Estudo
explica como a infecção da malária favorece a formação de
linfomas
A infecção crônica por Plasmodium
falciparum, principal causa de malária, favorece a ocorrência de mutações
causadas pelo gene AID. Esse dano leva a translocações em oncogenes e,
consequentemente, a transformação de células saudáveis em malignas. Estudo
publicado nesta sexta, 14, na prestigiada revista CELL por cientistas dos
Estados Unidos, Reino Unido e Brasil, detalha os mecanismos que fazem com que
pacientes infectados por malária sejam mais suscetíveis ao câncer,
principalmente aos linfomas de células B
A infecção crônica por
plasmodium falciparum (um protozoário parasita ligado à malária), é
epidemiologicamente associada com linfoma de Burkitt, um câncer das
células B maduras caracterizado pela translocação cromossômica entre os
oncogenes c-myc e Igh. Embora raro em âmbito
mundial, o linfoma de Burkitt tem uma alta incidência entre os indivíduos
com imunodeficiência e em regiões endêmicas para malária, principalmente na
África. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, a maioria dos casos de malária se
concentra na região Amazônica (Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso,
Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins), mas há também notificações em outras
regiões do país.
Os mecanismos por trás desta
associação, até então desconhecidos, foram detalhados em artigo publicado nesta
sexta, 14, na prestigiada revista científica norte-americana Cell,
por cientistas da Rockefeller University, do National Cancer
Institute (NCI), nos Estados Unidos; do Imperial College
London, no Reino Unido e do A.C.Camargo Cancer Center, em São
Paulo. No estudo, liderado pelo Investigador Principal da Rockefeller
University - Laboratório de Imunologia Molecular, Michel C.
Nusswenzweig, investigou a relação entre a doença parasitária (malária) e um
novo mecanismo genético envolvido no crescimento e desenvolvimento de linfomas.
Para tanto, foi induzida, em
laboratório, a infecção crônica por malária em camundongos. A infecção desse
parasita levou a expansão prolongada dos centros germinativos (GCs), que são
compartimentos únicos em que as células B sofrem uma rápida expansão clonal e
ativam o gene AID (Activation-induced cytidine deaminase), um gene
que produz mutações nas moléculas de DNA e RNA.
Como resultado, o DNA ficou exposto aos danos generalizados
causados por esse gene, levando a translocações cromossômicas. Desta forma, a
infecção da malária favorece a proliferação das células B doentes.
“Quando o camundongo está infectado
com o parasita da malária, ocorre uma exposição maior das células às mutações
causadas pelo gene AID. Esse gene é essencial para a diversificação dos
anticorpos, mas ao se tornar instável, provoca lesões fora de sua região de ação
(IgH) que, por sua vez, resulta em translocações e,
consequentemente, a transformação de células saudáveis em malignas”, explica o
Bioinformata Israel Tojal da Silva, chefe do Laboratório de Biologia
Computacional e Bioinformática do CIPE/A.C.Camargo Cancer Center, um dos
coautores do estudo e Pesquisador adjunto da Rockefeller University.
Israel Tojal foi responsável pelas
análises de Bioinformática que permitiram detectar e quantificar as
translocações, bem como análises subsequentes a partir dos dados de
sequenciamento de DNA. Dentre os resultados, foi observado que as
translocações ocorrem em todos os cromossomos, preferencialmente em regiões
gênicas e, em genes altamente expressos.
“No modelo estudado, demonstramos que a infecção do
parasita induz a uma instabilidade genômica generalizada, predispondo as células
B a adquirirem translocações em genes chaves, incluindo o c-myc, o
que reflete as características moleculares e fenotípicas do linfoma de
Burkitt.”, explica Israel.
O estudo Plasmodium Infection
Promotes Genomic Instability and AID-Dependent B Cell Lymphoma está
disponível em http://www.cell.com/cell/pdf/S0092-8674(15)00896-X.pdf.
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