Operações envolvendo fundos de investimentos cresceram 26% de janeiro
a julho, em comparação a igual período anterior
Em
meio à crise econômica que o Brasil enfrenta, crescer ou até mesmo investir pode
parecer inviável para empresários que vêm sofrendo com retração nas vendas,
aumento da inflação e câmbio instável. Porém, mesmo com este cenário nebuloso, é
possível, sim, obter recuperação no mercado.
Para manter-se competitiva, a empresa muitas
vezes precisa buscar recursos e financiamentos e, neste caso, as opções mais
promissoras são as parcerias com fundos de investimentos ou mesmo com empresas
de maior porte que estão de olho em boas oportunidades de negócios. São eles que
podem dar aporte financeiro e operacional às pequenas e médias neste momento de
aperto.
Este ano, o volume de negociações de fusões e aquisições anunciadas
de janeiro a julho de 2015 cresceu 26,1%, comparado ao mesmo período do ano
passado, mas o valor envolvido nestas transações foi maior: 53,7%, se verificado
igual período.
Os
fundos de investimentos têm sido a solução encontrada por muitas empresas para
sanar as dificuldades. É que, apesar das incertezas na economia, fundos de private equity nacionais e estrangeiros, embora mais
seletivos, continuam apostando em empresas brasileiras e empregando recursos
para que elas cresçam e, assim, possam participar de seus resultados.
O
especialista em fusões e aquisições e avaliação de empresas, Gustavo Sardinha,
explica. “Em momentos de crise, não é só o dinheiro que some, mas as boas
oportunidades também. Por conta disso, os fundos conquistam espaços, começam a
buscar novas operações em setores diferenciados e a olhar com outros olhos para
ramos de atuação antes pouco explorados, como a construção civil, shoppings e
lojas de varejo em geral, sem falar no agronegócio, que continua a atrair
interesse”, relata.
Segundo Sardinha, que também é sócio da B2L
Investimentos - empresa especializada em consultoria para negócios estratégicos
-, “fusões e
aquisições podem ser fundamentais para aumentar a eficiência da empresa e a
escala do negócio”.
Rodrigo Bertozzi, CEO da
B2L, concorda: Uma das saídas é
contar com a participação de investidores no negócio – fundos de private equity e venture capital ou de outras empresas
maiores; enquanto a concorrência se atola em dívidas. São esses investidores que
podem dar o aporte necessário para a empresa se reerguer no mercado e até
crescer. E o empresário tem que ser receptivo às novas opções e se preparar para
essas possibilidades. Muitos já aderiram”, esclarece.
Mas
para que a transação dê certo é preciso que as empresas estejam aptas a
negociar, como explica Sardinha. “A B2L auxilia o empresário oferecendo
consultoria e avaliação da empresa, além de prepará-la para negócios envolvendo
fundos, vendas e fusões, o que é de suma importância, uma vez que a maior parte
delas ainda não está preparada. Assim, fazemos o diagnóstico do perfil de
investimento necessário, o interesse dos fundos e promovemos a aproximação deles
ou mesmo de outras empresas. Nosso diferencial é que temos uma capilaridade
muito grande, conseguimos não só atrair os fundos, mas também outros parceiros
estratégicos, de acordo com a situação”, detalha.
Bertozzi vai além: “Antes de tudo, é importante que o empresário entenda que os
fundos estão em busca do empreendedor comprometido; com visão de longo prazo e desejo de evoluir.
Transparência e clareza na gestão são fatores determinantes, para que a parceria
dê certo. Solucionar problemas internos também ajudam a enfrentar os desafios
que vêm pela frente”, completa.
De acordo com Gustavo
Sardinha, são principalmente duas as
situações que levam o empresário a buscar investimento. No primeiro caso estão
empresas que ainda não têm problemas financeiros, mas estão estagnadas, sem
perspectivas de crescimento. Em outro cenário estão empresas que até o ano
passado eram saudáveis financeiramente, mas como têm o crescimento sustentado em
volume de faturamento – como é o caso das redes varejistas - agora veem os
lucros minguarem ou já estão fechando no vermelho. Em ambos os casos, a
alternativa mais viável é a entrada de novos investidores.
“Atuamos junto a uma grande rede de eletrodomésticos do Rio Grande do
Sul que queria se expandir no mercado e voltar a crescer. A B2L então colocou
esta empresa em contato com uma grande rede do Centro-Oeste e houve a fusão, com
sucesso”, revela.
Bertozzi detalha o modelo de negócio da B2L: "Somos conselheiros
de empresas de pequeno, médio e grande porte de diversos segmentos e realizamos
as conexões entre empresários e investidores, inclusive internacionais. Na B2L,
gerimos dados de centenas de oportunidades tanto na ponta compradora quanto na
vendedora. Isto é possível por estarmos presentes em mais de
cem regiões do Brasil, por meio de uma ampla rede de contatos e a alta expertise
de nossos 47 sócios", informa.
Se engana, portanto, quem pensa que, devido à economia fraca, há uma
fuga de investimentos no país. “Eu mesmo imaginei que, diante deste cenário,
investidores estrangeiros fugiriam daqui, mas na verdade isso não ocorreu. Eles
chegam com grande apetite, em parte em razão da desvalorização do real frente ao
dólar. Além disso, esses investidores apostam na recuperação do país. O Brasil é
visto lá fora como vivendo em um momento de crise momentânea”, afirma
Sardinha.
Os benefícios que as empresas recebem para saírem do ‘sufoco’
dependerão do momento e do grau de endividamento. Se menos endividada (ou sem
dívidas), parcerias com fundos podem ser uma forma de crescimento; se mais, uma
forma de se reerguer durante a crise.
"É
preciso reinventar o antigo modelo de pegar um dinheiro caro e de curto prazo,
como empréstimos bancários, para uma estratégia mais elaborada e competitiva,
por meio da parceria de empresas com investidores”, conclui Gustavo Sardinha, da
B2L.
Nenhum comentário:
Postar um comentário