quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Lições de Israel


Lições de Israel

É surpreendente o rápido desenvolvimento inovador de Israel ao longo de seus 62 anos. Com o apoio do Estado, espírito empreendedor e uma rede global de contatos, o país, com 7,2 milhões de habitantes, concentra a chave da inovação. Tem território menor que o Estado do Rio de Janeiro, mas uma ampla revolução tecnológica e uma sinergia entre instituições de ensino/pesquisa e a iniciativa privada.
Para o presidente da Câmara Israel-Brasil, Shmuel Yerushalmi, “como Israel não possui suficientes recursos naturais, incluindo água, e a economia clássica não permite competir nos mercados mundiais, a alternativa para o desenvolvimento foi se concentrar na economia do saber, baseando-se nos excelentes recursos humanos do país”.
Se pensarmos no Brasil, o que podemos aprender com esta nação?
Dados divulgados pela Agência Nacional de Estatística de Israel (National Bureau of Statistics), semelhante ao IBGE, mostram que Israel investe o maior porcentual de suas riquezas, 4,5% do PIB, em pesquisa e desenvolvimento. Para se ter uma ideia, Japão, Estados Unidos e Coreia do Sul seguem atrás. No Brasil, a porcentagem aplicada nestes dois setores chega a cerca de 1%.
Há um foco bem definido na população israelense: todo o esforço na busca pela tecnologia é visto como uma forma de obter recursos financeiros. Naldo Dantas, secretário-executivo da Anpei (Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras), afirma que, para Israel, ganhar dinheiro não é pecado. No Brasil, a dinâmica não visa o lucro, mas apenas fomentar ciência e educar o povo.
Hoje, até podemos ter capital para alavancar os negócios, mas faltam empreendedores que saibam enfrentar a prática da captação de recursos. A avaliação de Dantas é de que também não há apoio direto do Estado para ajudar o empresário numa possível falha.
Em Israel, se um projeto não vinga, não há sérios problemas. No Brasil, se um empreendedor errar poderá carregar para sempre as marcas do insucesso, embora não exista inovação sem gestão de riscos.
Dantas visitou Israel, em outubro de 2010, com outros brasileiros para conhecer as empresas, incubadoras, parques tecnológicos e universidades. Despertou a sua atenção a conectividade da população com todo o mundo.
Naquele país, há uma discussão global e a troca de experiências e de conhecimentos. No final da década de 1980, Israel acolheu 1 milhão de russos após a quebra da União Soviética – a maioria formada por profissionais capacitados em busca de oportunidades.
O povo de Israel vive o tempo todo sob ameaça de guerras. O Estado investe no setor militar e, portanto, a maior parte das startups de lá é ligada aos centros de tecnologia militar.
Até os 40 anos de idade, os homens israelenses têm que cumprir expediente militar uma vez por ano durante 30 dias. No geral, eles atuam em segurança interna, unidades de fronteira e áreas científicas. Normalmente, essas pessoas possuem empresas e se encontram, durante o serviço militar, com outros profissionais também capacitados. Enfim, cria-se um ambiente prático de negócios para o networking.
O que ainda falta para o Brasil é pensar nas pessoas como fatores de sucesso. Dantas acredita que é necessário fomentar educação com foco em inovação e entender que nosso país precisa de empreendedores. Temos que focar no resultado da inovação e o quanto isso vai gerar na Balança Comercial.
Uma dica sobre este tema é o livro ‘Start-up Nation’, dos autores Dan Senor e Saul Singer. A obra, best-seller nos Estados Unidos e parte da Europa, narra a saga empreendedora de Israel e revela o que o mundo, inclusive o Brasil, pode extrair dessa história.
A sociedade brasileira – do setor público até a iniciativa privada – precisa acreditar com a mesma força do povo de Israel. A inovação é o caminho para um futuro sustentável. É necessário olhar para os interesses comuns e não se acomodar apenas com as grandes commodities, o que é um caminho sem volta. Temos que repensar ideias, valores, rever demandas e tentar aprender com os israelenses.


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