Lima não será um fracasso, na avaliação da Fiesp,
que participa da COP20, no
Peru
Negociações avançam e ainda que o resultado seja um rascunho zero, ele será a base de documento de decisão no primeiro semestre de 2015, em Bonn
Negociações avançam e ainda que o resultado seja um rascunho zero, ele será a base de documento de decisão no primeiro semestre de 2015, em Bonn
As negociações que ocorrem em um evento
como a COP20, em Lima, Peru, envolvem interesses multilaterais de 195 países e
carregam uma complexidade própria. Por isso, é preciso traduzir suas
determinações para o setor produtivo.
A participação da Fiesp na Convenção do
Clima tem esse objetivo, ressalta Marco Antonio Barbieri, diretor de meio
ambiente e integrante do Comitê de Mudança do Clima da Federação, pois "as
negociações são recheadas de mecanismos quanto à parte técnica, científica e de
financiamento que guardam interesses de cada nação, que não contemplam apenas
questões ambientais, mas sobretudo econômicas".
Na defesa, junto aos negociadores
brasileiros, das posições adotadas pela indústria e pelo agronegócio, entende-se
que a sociedade como um todo, mais os setores industrial e agrícola, pagarão a
conta de possíveis futuros acordos e este é o cerne da questão. "As negociações
podem trazer riscos para a indústria. É preciso compreender como poderemos
identificá-los e transformá-los em oportunidade", reforça Barbieri.
Quanto aos rumos da negociação em Lima, a
avaliação é que houve uma evolução das Convenções anteriores para a que está
sendo realizada agora, apesar do cenário mais complexo: "ainda existe a
percepção de que os países desenvolvidos têm de fazer tudo quanto às
responsabilidades comuns, porém diferenciadas. O certo é cada um fazer dentro da
sua possibilidade", explica o diretor da Fiesp.
Há pontos relevantes de atenção para a
indústria, como mecanismos de financiamento e a transferência de tecnologia para
que se realizem os ajustes necessários, mas que merecem bons acordos. O caso do
Fundo Verde é um deles, com aporte previsto na casa dos US$ 100 bilhões até
2020, teve entrada de apenas 10. O Fundo foi criado em 2010, com os acordos de
Cancún, com o objetivo de receber fundos públicos e privados, doações e
empréstimos.
A proposta brasileira conceitual de
diferenciação concêntrica, os chamados círculos concêntricos, apresentada pelo
Ministério de Relações Exteriores, abre a possibilidade de inserção de diversos
países integrantes, posicionando-os e direcionando-os para o centro, para uma
meta, ou seja, indicando onde estão e aonde devem chegar. "A visão que muitos
países têm da proposta brasileira é interessante e o nosso país vai insistir
para que esse conceito seja colocado nas negociações", analisa
Barbieri.
Para o diretor da Fiesp, as negociações em
Lima caminham para um novo acordo, essencial para o encontro de Paris: "ele é
fundamental e o apoiamos efetivamente, mas ele não pode criar barreiras
comerciais. Entendemos que os negociadores brasileiros estão afinados nesse
aspecto com as necessidades do país".
O saldo positivo desse encontro de Lima é
que não sairá um acordo final, mas sim um draft, um rascunho zero, o
que poderá desencantar a sociedade que aguardava uma decisão mais enfática. Na
verdade, o draft sinaliza a efetivação de um documento de decisão em
Boon, no primeiro semestre do ano que vem, e que este será um documento da COP e
não dos co-chairs. Ainda na avaliação de Barbieri, "Lima não será um
fracasso, pois estão sendo construídos os pilares para a COP 21, em Paris".
* Solange Borges - em cobertura no Peru
Federação das Indústrias do Estado de São Paulo -
FIESP
Assessoria de Jornalismo Institucional
Tels. (11) 3549.4203 / 4602
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