quinta-feira, 11 de dezembro de 2014


 Lima não será um fracasso, na avaliação da Fiesp, que participa da COP20, no Peru
 
Negociações avançam e ainda que o resultado seja um rascunho zero, ele será a base de documento de decisão no primeiro semestre de 2015, em Bonn

As negociações que ocorrem em um evento como a COP20, em Lima, Peru, envolvem interesses multilaterais de 195 países e carregam uma complexidade própria. Por isso, é preciso traduzir suas determinações para o setor produtivo.
A participação da Fiesp na Convenção do Clima tem esse objetivo, ressalta Marco Antonio Barbieri, diretor de meio ambiente e integrante do Comitê de Mudança do Clima da Federação, pois "as negociações são recheadas de mecanismos quanto à parte técnica, científica e de financiamento que guardam interesses de cada nação, que não contemplam apenas questões ambientais, mas sobretudo econômicas".
Na defesa, junto aos negociadores brasileiros, das posições adotadas pela indústria e pelo agronegócio, entende-se que a sociedade como um todo, mais os setores industrial e agrícola, pagarão a conta de possíveis futuros acordos e este é o cerne da questão. "As negociações podem trazer riscos para a indústria. É preciso compreender como poderemos identificá-los e transformá-los em oportunidade", reforça Barbieri.
Quanto aos rumos da negociação em Lima, a avaliação é que houve uma evolução das Convenções anteriores para a que está sendo realizada agora, apesar do cenário mais complexo: "ainda existe a percepção de que os países desenvolvidos têm de fazer tudo quanto às responsabilidades comuns, porém diferenciadas. O certo é cada um fazer dentro da sua possibilidade", explica o diretor da Fiesp.
Há pontos relevantes de atenção para a indústria, como mecanismos de financiamento e a transferência de tecnologia para que se realizem os ajustes necessários, mas que merecem bons acordos. O caso do Fundo Verde é um deles, com aporte previsto na casa dos US$ 100 bilhões até 2020, teve entrada de apenas 10. O Fundo foi criado em 2010, com os acordos de Cancún, com o objetivo de receber fundos públicos e privados, doações e empréstimos.
A proposta brasileira conceitual de diferenciação concêntrica, os chamados círculos concêntricos, apresentada pelo Ministério de Relações Exteriores, abre a possibilidade de inserção de diversos países integrantes, posicionando-os e direcionando-os para o centro, para uma meta, ou seja, indicando onde estão e aonde devem chegar. "A visão que muitos países têm da proposta brasileira é interessante e o nosso país vai insistir para que esse conceito seja colocado nas negociações", analisa Barbieri.
Para o diretor da Fiesp, as negociações em Lima caminham para um novo acordo, essencial para o encontro de Paris: "ele é fundamental e o apoiamos efetivamente, mas ele não pode criar barreiras comerciais. Entendemos que os negociadores brasileiros estão afinados nesse aspecto com as necessidades do país".
O saldo positivo desse encontro de Lima é que não sairá um acordo final, mas sim um draft, um rascunho zero, o que poderá desencantar a sociedade que aguardava uma decisão mais enfática. Na verdade, o draft sinaliza a efetivação de um documento de decisão em Boon, no primeiro semestre do ano que vem, e que este será um documento da COP e não dos co-chairs. Ainda na avaliação de Barbieri, "Lima não será um fracasso, pois estão sendo construídos os pilares para a COP 21, em Paris".  

* Solange Borges - em cobertura no Peru


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